Mercado Madeireiro: a madeira serrada

A madeira sempre foi um insumo fundamental na vida do homem por uma série de razões. Dentre elas se destacam a resistência mecânica, baixo custo de processamento e a própria estética. No entanto a impossibilidade de sua produção artificial, por ser um produto natural, torna o mercado madeireiro extremamente complexo.

Dada sua importância, o mercado mundial de madeira pode ser bastante atrativo. Mais ainda, com os estoques globais de madeira nativa se reduzindo drasticamente, a liberação para o corte tem sido cada vez mais dificultada para a preservação ambiental. Neste sentido, uma vez que a demanda não tem diminuído, os valores do metro cúbico crescem a cada dia.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), nos últimos 60 anos a produção mundial de madeira serrada mostrou leve tendência de aumento. No mesmo período, os valores comercializados no mercado mundial aumentaram drasticamente. Isso representa uma demanda maior que a oferta atual e mostra ainda uma tendência de manutenção da elevação dos valores comercializados.

Se em 1960 o valor do metro cúbico de madeira serrada era de cerca de 5 US$, em 2017 o mesmo metro cúbico teve um valor médio de pouco mais de US$ 80.

Fonte: FAOSTAT 2018

O mercado brasileiro apesar de suas particularidades, também acompanhou o mercado global com grande aumento da valorização do produto até a crise global de 2008. O aumento na produção de madeira serrada no Brasil se deu, principalmente, pelo incentivo à produção de eucalipto desde a década de 1970. Após a crise de 2008, tanto a produção quanto os valores comercializados diminuíram e a partir de 2014 voltaram a crescer. Com isso espera-se uma progressiva melhora no mercado para os próximos anos.

Fonte: FAOSTAT 2018

Hoje, o mercado madeireiro brasileiro é predominantemente dominado por espécies de eucalipto e pinus, madeiras que possuem baixo valor de mercado. Outras espécies, entretanto, vêm ganhando importância no mercado nacional por terem maior valor agregado devido à qualidade superior da madeira. Este é o caso do Mogno Africano.

A madeira do Mogno Africano possui boa resistência e apreciada qualidade estética, ela tem surgido como alternativa ao Mogno Brasileiro, suscetível ao ataque de pragas em plantações comerciais e com corte bastante restrito no país. O metro cúbico de madeira serrada de Khaya ivorensis (uma espécie de Mogno Africano) a partir de extrativismo de florestas de Gana foi negociado a valores médios próximos de 940 Euros por metro cúbico, segundo o ITTO Tropical Timber Market Report de 2018. Considerando o cliente final, estes valores podem ainda variar entre US$ 1700 a US$ 3400 / m3 quando negociados por madeireiras vendendo pequenos volumes de material importado no mercado americano.

Porém, entre 2010 e 2015 foram registradas as maiores perdas líquidas de florestas na África, o que resulta em um grande impacto ambiental e consequentemente aumento dos preços de madeira serrada obtida por extrativismo no continente. Portanto, o plantio de espécies arbóreas com alto valor agregado proveniente destas regiões pode ser uma forma de minimizar os impactos ambientais globais gerados pelo consumo de madeira, associado a uma fonte de renda atraente para investidores de longo prazo.

Referências:

Faostat. Disponível em <http://www.fao.org/faostat/en/#home>. Acesso em: 05 de novembro de 2018.

Reis, C., Oliveira, E.B., & Santos, A.M. 2019. Mogno-africano (Khaya spp.): atualidades e perspectivas do cultivo no Brasil. Embrapa Florestas-Livro científico (ALICE).

Tropical Timber Market Report 2018. Disponível em <https://www.itto.int/files/user/mis/MIS_16-31_May2018.pdf >. Acesso em: 05 de novembro de 2018.

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